Teresópolis

TURISMO
Mirante do Soberbo

Teresópolis é um município brasileiro situado no interior do estado do Rio de Janeiro, Região Sudeste do país. Localizado na Serra Fluminense, pertence à Região Geográfica Intermediária de Petrópolis, e está distante a cerca de 94,3 km a norte da capital do estado. Ocupa uma área de pouco mais de 770 km², sendo aproximadamente 64 km² em área urbana, e sua população em 2021 era de 185 820 habitantes.

O começo do povoamento ocorreu em meados do século XVI por índios timbiras, antes mesmo da chegada dos portugueses. Certo progresso foi visto quando um fluxo de escravos que fugiam das plantações de cana da Baixada Fluminense levou à formação do Quilombo da Serra, primeiro povoado da região. Posteriormente, George March, um português de origem inglesa, adquiriu algumas terras onde hoje situa-se o bairro do Alto e as transformou na fazenda de Santo Antônio, que posicionava-se no caminho que ligava o Rio até a Província de Minas Gerais.

O local foi escolhido como ponto de repouso aos comerciantes que faziam este trajeto, dando início a um lento processo de progressão do então distrito de Santo Antônio de Paquequer. Em 6 de julho de 1891, o governador Francisco Portela assinou um decreto de criação do município, emancipando de Magé. Desde então, Teresópolis se desenvolveu rapidamente, principalmente após a construção da ferrovia com ligação direta até a capital que anos mais tarde foi substituída por uma rodovia.

Cercado por montanhas e unidades naturais de conservação, como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Parque Estadual dos Três Picos e Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, tem sua identidade ligada diretamente ao turismo natural, além de ser sede do centro de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol e abrigar uma feira ao ar livre de artesanato com mais de 700 expositores. Conta também com monumentos de valor histórico e patrimonial, como a Matriz de Santa Teresa, Igreja de Santo Antônio do Paquequer, Palacete Granado, Palácio Teresa Cristina, Mirante da Granja Guarani e Fonte Judith.

Etimologia

O nome “Teresópolis” é formado pela junção do antropônimo “Teresa” com o termo de origem grega pólis, significando, portanto, “cidade de Teresa”. Trata-se de uma homenagem à imperatriz brasileira Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, esposa do imperador D. Pedro II.

História

Origens e povoamento

Antes da chegada dos primeiros portugueses à região de Magé, no século XVI, a mesma era habitada por índios Timbira, Tamoio[8] e Temiminó, da tribo de Arariboia, chamados pejorativamente por seus inimigos de “maracajás”.[9] Na parte alta, que hoje corresponde à Serra dos Órgãos e consequentemente à Teresópolis, era registrado povoamento dos Guaranis, além do Quilombo da Serra, que abrigava escravos fugitivos das fazendas de cana-de-açúcar da baixada mageense. No século XVIII, várias trilhas surgiram na subida da Serra a partir de Guapimirim que tinham como destino onde hoje está localizado o bairro de Três Córregos, no Segundo Destrito. O primeiro caminho passava pela Garganta Maria da Prata (hoje na área do Parque Estadual dos Três Picos) e chegava a Canoas. O segundo caminho passava pelo Soberbo e Garrafão (em trajeto próximo ao da BR-116, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos) e chegava a Boa Vista e Paquequer, onde atualmente está o bairro do Alto.

A primeira descrição oficial da região onde hoje situa-se Teresópolis foi feita em 1788 por Baltazar Lisboa, juiz de fora do Rio de Janeiro, ordenada pelo Ministro e Secretário dos Negócios Ultramarinos. Em sua descrição, Baltazar relata as características da serra e um suposto “sertão” onde hoje situa-se a Cascata do Imbuí. Além disso, finalizou relatando que “nada de notável havia, além da estrada de penetração partindo de Piedade (litoral), galgando a serra e seguindo para o verdadeiro sertão”.
George March e sua fazenda

Desde o início do século XIX, após a colonização, os ingleses foram os primeiros estrangeiros a chegar ao Brasil, com o objetivo de se beneficiarem das favoráveis condições de negócio e comércio oferecidas pelos portugueses, algo que se acentuou em 1808 com a abertura dos portos. Nessa época, 90% de todo o comércio português era realizado com a Inglaterra. Isso fez com que os comerciantes ingleses conquistassem grande lucratividade em suas atividades de comércio e indústria, ora fazendo consórcios com empresários brasileiros, ora por meio da construção de laços familiares.

George March, nascido em 1788, foi um dos ingleses que imigraram para Brasil, estabelecendo-se primeiramente na atual Rua Visconde Inhaúma, nº32, Praça Mauá, Centro do Rio de Janeiro, em 1813, com a Barker & March, firma especializada em importação de máquinas, aço, tecido e demais mercadorias inglesas, fixando residência em uma chácara localizada em Botafogo. Mais tarde, por volta de 1818, arrendou uma extensa área de terras situadas na Serra dos Órgãos, a fazenda de Sant’Anna do Paquequer, propriedade de D. Luiza Clemente da Silva, na época pertencente à Magé, onde hoje localiza-se a região do bairro do Alto. A fazenda tinha quatro sesmarias de uma légua quadrada cada, que foram posteriormente adquiridas por compra. March construiu um prédio de dois andares onde era a sede da fazenda, inspirando-se em desenhos do secretário da embaixada inglesa, William Ouseley, bem como uma aquarela de autor anônimo.

Ao longo dos anos, gradativamente, a fazenda gozou de certo progresso. March transformou as terras incultas e matas virgens que ali haviam em uma fazenda modelo, com produção em larga escala de diversas espécies de legumes, verduras e cereais, além de mobiliar toda a sede da fazenda para seu conforto.

Entre 1829 e 1830, de acordo com relato do viajante inglês Walsh, havia uma imensa área de pastagens para criação de 150 cavalos e mulas, cem cabeças de gado preto, além de carneiros e porcos. Uma década mais tarde, de acordo com relatos de outro viajante, Gardner, havia uma grande plantação de hortaliças que supria regularmente o mercado consumidor do Rio de Janeiro com vegetais de origem europeia, localizada onde atualmente corresponde ao bairro Quebra Frascos.

O que ali produzido era enviado duas vezes por semana em três lotes de 21 animais para o porto de Piedade. Teresópolis assim, começava a abastecer o Rio com hortaliças e frutas, algo que ocorre até a atualidade. Gardner comentou, ainda, que a disciplina imposta aos escravos na fazenda era bastante rigorosa, além do que em outras que ele havia visitado no Brasil.

Os caminhos lamacentos por onde as mercadorias eram transportadas era a única forma de acessar a propriedade, e eles só podiam ser vencidos pela resistência e força dos cavalos e mulas, que serviam para o transporte das mercadorias que iam da fazenda para o Rio de Janeiro e também para trazer as que eram adquiridas na capital para o abastecimento próprio.

Para cuidar dos animais e de sua propriedade, March tinha cerca de 150 escravos,[20] distribuídos em diversas senzalas, além de aproximadamente cinquenta casas de pau a pique, cobertas de sapê e baixas na medida em que um homem mal podia ficar de pé, formadas por dois compartimentos: em um, ficava a cama e o girau de paus trançados, no outro, o fogo, que ficava aceso o dia inteiro mesmo que estivesse fazendo muito calor. March recebia frequentemente visitantes, como os diplomatas franceses Jules Itier e Ferriére de Voyeur, Alfredo d’Escragnolle, Visconde de Taunay, Percy Smythe, 6.º Visconde Strangford e William John Burchell, que produziu no local aquarelas de bico de pena que se encontram atualmente em exposição no Instituto Moreira Salles. Os convidados tinham o costume de registrar em seus diários as impressões da região, principalmente sobre a Serra dos Órgãos, que despertava a atenção de todos por seu formato peculiar.

Morte de March e desenvolvimento

George March faleceu em 1845 aos 60 anos de idade. A partir daí, seus filhos iniciam a divisão das terras junto aos seus tutores John Fulding, John Prince James e Richard Heath  cinco anos mais tarde, em 1850. Os sócios da firma Antônio Fernandes Coelho & Cia adquiriram grande parte das terras e revenderam em lotes a pessoas interessadas do Rio de Janeiro. O coronel Polycarpo José Álvares de Azevedo, de Guapimirim, adquiriu terras na região da sede da fazenda, iniciando o que seria a primeira planta de uma futura cidade. Seguindo a tradição de ser um local de repouso e veraneio, o local iniciou um lento e promissor desenvolvimento a partir de pequenos povoados formados nos locais loteados pelos novos proprietários, o que contribuiu para alcançar a categoria de freguesia em 25 de outubro de 1855 através do Decreto Provincial nº 829, anexando-a oficialmente como parte do município de Magé com o nome de Santo Antônio do Paquequer.

Emancipação e configuração administrativa

Em 16 de junho de 1890 foi firmado um acordo entre o governo do estado com Jerônimo Roberto de Mesquita e Domingos Moitinho, autorizando-os a executar a construção de linhas férreas que integrariam o estado pelo prazo de 70 anos, com garantias de 6% ao ano sobre o capital empregado (80 contos de réis por quilômetro). Tal acordo foi oficializado em 7 de julho de 1890, quando um contrato entre o governador do estado Francisco Portela e a empresa Estrada de Ferro Therezópolis foi assinado na atual Praça Baltazar da Silveira.

Além de planejar a construção de uma linha férrea que ligaria Niterói até um terminal que seria construído na Várzea, onde foi fincada uma estaca para simbolizar o acordo, a empresa tinha a responsabilidade de fundar uma cidade com serviços de saneamento básico, iluminação pública, bondes, linhas telegráficas e telefônicas. A cerimônia teve a presença de algumas personalidades influentes da época, como Godofredo Xavier da Cunha e Nicola Antonio Facchinetti. Em paralelo a isso, havia a intenção de transferir a capital do estado para esta localidade, algo que era desejo de Francisco Portela desde 1858 e previamente acordado com os contratados.

Pelo decreto-lei estadual nº 280, de 6 de julho de 1891, Santo Antônio do Paquequer passou a denominar-se Teresópolis, em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II, sendo desmembrado o seu território do município de Magé. No mesmo decreto, é criado o distrito de Santa Rita e pelo decreto-lei estadual nº 517 o distrito de Sebastiana, de Nova Friburgo, foi anexado ao município de Teresópolis, concluindo, assim, sua formação administrativa com três distritos que se perdura até os dias atuais.

Três anos após a assinatura do contrato, nada havia sido feito sobre a criação de Teresópolis para ser capital do Estado tampouco a implantação da estrada de ferro. A justificativa para a estagnação do projeto era que um terço do capital da empresa havia sido utilizado em estudos e instalações que se tornariam completamente ineptos. Em decorrência disso, o governador José Tomás da Porciúncula resolveu alterar o contrato, incluindo novas cláusulas e reduzindo as vantagens anteriormente concedidas a empresa, além de determinar a transferência da capital do estado para Petrópolis.

Chegada do trem e expansão econômica

Durante o século XIX, o trem foi o principal meio de transporte e se expandiu mundialmente até a segunda metade do século XX. No estado do Rio, pioneiro no transporte ferroviário no país, havia a Estrada de Ferro Therezópolis, que funcionava a partir do cais da Piedade, onde atracavam as barcas de passageiros, até o distrito de Guapimirim, passando pelo centro do município de Magé.

Até 1901, a estação de Guapimirim serviu como final da linha, até que foram iniciadas as obras para subir a Serra dos Órgãos. A expansão foi gradativa, chegando as localidades de Barreira em 1904, Miudinho em 1905 e, finalmente, Garrafão e Alto, mais precisamente no dia 7 de setembro de 1908, quando esse trecho foi inaugurado oficialmente e o trem enfim chegou à Teresópolis.

Nas décadas posteriores, foi notado que a estrada de ferro propiciou um certo progresso da área. Em 1919, com a administração da ferrovia tomada pela Estrada de Ferro Central do Brasil, o ramal foi prolongado até a Várzea, onde foi construída uma nova estação terminal, a Estação José Augusto Vieira, em 1929. Posteriormente, o ramal seria repassado à Estrada de Ferro Leopoldina, onde os trens passaram a partir da Estação Barão de Mauá, no Rio de Janeiro até Magé, onde seguiam para Teresópolis pelo trajeto original.

Na manhã de 9 de março de 1957, o trem desce a Serra pela última vez em direção à Guapimirim, para dar lugar a um novo plano rodoviário, marcando, assim, o final de uma era. Os antecedentes desta inauguração duraram cerca de duas décadas, partindo a ideia de Armando Vieira, em 1932, que sonhava com esta ligação rodoviária.

A ideia foi tomando corpo até a fundação da Sociedade dos Amigos de Teresópolis, que tinha Carlos Guinle entre seus membros. Foi este grupo que deu início às obras do primeiro trecho da via, entre o Alto e o Soberbo, num total de dois quilômetros. Em 1948, estudos foram feitos para analisar a viabilidade da construção do trecho requerido, após solicitação do Governo Federal. A intervenção de Heleno Nunes ao almirante Lúcio Meira, ministro da viação na época, foi fundamental para aprovação do projeto e autorização da obra, que ocorreu em 1955, pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

O engenheiro Pierre Berman, auxiliado pelo irmão Raul, executou o projeto. A rodovia Rio-Teresópolis foi incluída como BR-4 no Plano Rodoviário Nacional, passando pela Baixada Fluminense, depois por Teresópolis, seguindo até São José do Além Paraíba e, dali, para o norte do país, num trajeto que corresponde à atual Rodovia Santos Dumont (BR-116/RJ).

Geografia

A área total do município é de 770,601 km², sendo que 64,318 km² estão em área urbana.[2] De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Petrópolis. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião Serrana, que por sua vez estava incluída na mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro.

Relevo e hidrografia

O relevo do município é predominantemente montanhoso e caracterizado por ondulações, tendo resquícios de domínio de morros e de serras baixas na região oeste e de escarpas serranas na região limítrofe com os municípios de Cachoeiras de Macacu e Guapimirim. As maiores elevações podem ser encontradas nos extremos sul e sudoeste (região dos maciços da Serra dos Órgãos, onde a altitude chega aos 2 263 metros) e leste (região do Parque Estadual dos Três Picos, onde a altitude chega aos 2 040 metros). O centro tem altitude média de 869 metros, enquanto o Soberbo tem 972 metros. Nas regiões hídricas são encontradas as menores altitudes, com médias próximas de 700 metros.

Por suas formações montanhosas, Teresópolis é considerada a capital nacional do montanhismo. O município possui diversos locais que ultrapassam dos dois mil metros de altura, a começar por seu ponto culminante, a Pedra do Papudo, que atinge os 2 245 metros, além da Agulha do Diabo com 2 050 metros, Pedra Branca de Neve e Seio da Mulher de Pedra com 2 040 metros, São João com 2 030 metros e a Torre Maior de Bonsucesso com 2 000 metros.

A hidrografia do município é caracterizada pelos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.[41] Teresópolis faz parte da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que possuí 56.500 quilômetros quadrados. No estado do Rio de Janeiro, essa bacia é composta por seis sub-bacias, e Teresópolis situa-se na sub-bacia do Funil até a foz dos rios Paraíbuna e Piabanha. Os principais recursos hídricos superficiais do município são Rio Santa Rita, Rio do Príncipe, Rio Paquequer, Rio das Bengalas, Rio Preto, Rio Vargem Grande, Córrego Sujo, Rio da Formiga, Rio Vieira e Rio dos Frades.

O Paquequer banha a cidade, enquanto sua nascente encontra-se na Pedra do Sino, atravessando a cidade em direção norte, banhando áreas rurais, recebendo efluentes de origem industrial, doméstico e rural.[48] Desemboca no Rio Preto, um afluente do Rio Piabanha, e forma internamente uma bacia hidrográfica que possui cerca de 269 quilômetros quadrados de extensão, e abrange dois distritos: sede e Vale do Paquequer.

Clima

O clima teresopolitano é caracterizado como oceânico ou temperado marítimo de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de tipo Cfb segundo a classificação climática de Köppen. A temperatura média anual é de 18 °C e a pluviosidade média é de 1 650 mm/ano, concentrados entre os meses de outubro e abril. Os meses mais quentes compreendem a estação das chuvas, com seu ápice em janeiro enquanto os meses amenos abrangem a estação seca, com seu ápice em agosto, que tem média de 40 mm. As estações de transição são outono (mais úmida) e primavera (mais seca).

As precipitações ocorrem principalmente sob a forma de chuva geralmente acompanhadas de descargas elétricas e fortes rajadas de vento. A incidência das descargas é maior durante o mês de janeiro e é uma característica típica das chuvas que caem sob o município, causando alguns transtornos recorrentes como incêndios[52] e até excêntricos como a morte de animais. A média da umidade do ar está entre 82% e 85,5%, com variação sazonal extrema na sensação de umidade, sendo predominantemente abafado por aproximadamente 7 meses, ou seja, a maior parte do ano.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1973 a temperatura mínima absoluta registrada em Teresópolis foi de 3 °C em 9 de junho de 1985 e a maior atingiu 36,6 °C em 19 de outubro de 2014. O maior acumulado de precipitação em 24 horas chegou aos 194 mm em 7 de abril de 2012, seguido por 145,4 mm em 22 de dezembro de 2002, 140,8 mm em 28 de janeiro de 1977 e 140 mm nos dias 15 de fevereiro de 1979 e 24 de janeiro de 2023.

Meio ambiente e ecologia

O município de Teresópolis conta com três grandes unidades de conservação em seu território: Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com 2 003 hectares de área de extensão; Parque Estadual dos Três Picos, com 9 687 hectares de área de extensão; e Parque Natural Municipal Montanhas, com 4 397 hectares de área de extensão, sendo a maior unidade de conservação municipal totalmente protegida do estado. Além disso, conta com duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs), sendo elas a APA Floresta do Jacarandá e a APA Bacia dos Frades. Desde 2006, ano em que foi criado, Teresópolis faz parte do Mosaico Central Fluminense de Preservação Ambiental.

A vegetação nativa pertence ao domínio florestal Atlântico (Mata Atlântica). É comum encontrar grande diversidade de espécies em seu bioma predominantemente natural, e isso se extende até mesmo às áreas urbanas, que possui variedades como ipê, cerejeira, quaresmeira, bisnagueira, manacá-da-serra e entre outras em seus principais logradouros.

Problemas ambientais

As enchentes estão entre os principais problemas ambientais encontrados no município, que no período das chuvas provocam alagamentos nas áreas mais baixas e populosas, além de deslizamentos de terra nos morros e encostas. A principal causa para este problema é a falta de políticas públicas eficientes, além da ausência de estudos de regularização fundiária.

É comum encontrar construções de residências em encostas de morros e de diferentes classes sociais que variam de favelas a casas de alto padrão. Além das enchentes, outro problema ambiental é a questão do lixo e o esgoto despejado nos rios. Teresópolis não possui estação de tratamento de águas residuais. Dessa forma, o esgoto produzido na cidade é liberado diretamente para os cursos hídricos que cortam o perímetro urbano e, posteriormente, para o Rio Paquequer. As queimadas florestais destroem a mata nativa, comprometendo a qualidade do solo e prejudicando ainda a qualidade do ar, ocorrendo com mais frequência no verão. A Serra do Cavalo é um ponto que sofre muito com as queimadas, que geralmente comprometem grande parte do seu solo.

Em contrapartida, recorrentemente são realizados programas de arborização nos principais logradouros, além do desassoreamento dos leitos dos rios, de modo a permitir o devido escoamento da água das chuvas. O Paquequer recebeu uma atenção especial nos últimos anos, afim de evitar os tais problemas que uma cheia poderia causar.

Demografia

Em 2010, a população do município de Teresópolis foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através de seu censo demográfico em 163 746 habitantes, registrando aumento de 18,6% em relação a década anterior, ] sendo 78 275 homens (47,80%) e 85 471 mulheres (52,20%). Ainda segundo o censo, 146 231 habitantes viviam na zona urbana (sendo 69 454 homens, 76 777 mulheres) e 17 515 na zona rural (sendo 8 821 homens, 8 694 mulheres). Já em 2020, segundo estimativas, a população municipal era de 184 240 habitantes.

Em 2010, a pirâmide etária estava desta forma: entre homens, 18 164 tinham de 0 a 14 anos, 53 761 tinham de 15 a 64 anos e 6 350 tinham mais de 65 anos; entre mulheres, 17 864 tinham de 0 a 14 anos, 59 173 tinham de 15 a 64 anos e 8 434 tinham mais de 65 anos. Da população total, 36 028 habitantes tinham de 0 a 14 anos, 112 934 habitantes tinham de 15 a 64 anos e 14 784 habitantes tinham mais de 65 anos. A proporção populacional era de 91,6 homens para cada 100 mulheres.

Além disso, a esperança de vida ao nascer era de 76,27 anos (superior a média nacional e maior do estado), enquanto a taxa de fecundidade total por mulher era de 1,56. A taxa de envelhecimento era 9,01 (superior a média nacional), e as probabilidades de viver até os 40 anos era de 93,55 e 60 anos era de 84,39 (ambos os indicadores são maiores do estado). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Teresópolis é considerado alto no ano de 2010. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), seu valor era de 0,730, sendo então o 25º maior de todo o estado do Rio de Janeiro e o 1 021º maior do Brasil.

Em relação as subdivisões municipais, em 2010 o distrito sede tinha 135 459 habitantes, Vale do Paquequer tinha 11 947 habitantes e Vale de Bonsucesso tinha 16 340 habitantes. Os bairros mais populosos eram São Pedro com 20 424 habitantes, Várzea com 8 008 habitantes e Barra do Imbuí com 7 812 habitantes, correspondendo o total de 22,2% da população do município residindo nesses locais.

Problemas socioeconômicos

Teresópolis é um município de contrastes sociais evidenciados através das grandes disparidades existentes entre pobres e ricos. Em 2010, o percentual de pessoas vivendo acima da linha de pobreza era de 91,6%, enquanto 5,5% encontrava-se na linha da pobreza e 2,9% estava abaixo. Em relação a última pesquisa, feita em 2000, registrou-se evolução em todos os indicadores: 4,7% da população passou a viver acima da linha de pobreza, 4,2% passou a viver na linha de pobreza e 0,6% deixaram de viver abaixo.

O percentual de pessoas com renda per capita domiciliar inferior a R$ 140,00 era de 8,4% em 2010, uma redução de 36,2% em relação a 2000. Sendo assim, aproximadamente 13 401 pessoas viviam nesta condição de pobreza, o que representava 12,21% da população teresopolitana. A participação dos 20% da população mais rica da cidade no rendimento total municipal era de 64,9%, ou seja, 16,3 vezes superior à dos 20% mais pobres, que era de 3,2%. O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, era de 0,569, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.

Também em 2010, 25,6% da população vivia em favelas, aproximadamente 41 mil habitantes, sendo a segunda maior parcela de habitantes vivendo em aglomerados subnormais dentre os municípios fluminenses, atrás apenas de Angra dos Reis, além da quinta maior em termos absolutos. As origens da favelização em Teresópolis datam das décadas de 1950 e 1960, período da expansão industrial no Brasil, que marcou o estabelecimento de grandes fábricas na cidade como a Sudamtex, além dos fluxos migratórios decorrentes de tragédias das chuvas que ocorriam na Baixada Fluminense no mesmo período.

O crescimento também pode ser atrubuído ao estímulo dado por grande parte das administrações municipais que facilitaram a ocupação irregular, inclusive em áreas de preservação ambiental, com incidência mais acentuada durante a década de 1990.

Em 2005, foi registrado nos entornos da sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos cinco comunidades carentes, além de construções de classe média em seus limites. No mesmo período, foi registrado o crescimento de três favelas de porte médio e uma pequena em direção ao interior da mata do APA Jacarandá, resultado do crescimento desordenado do bairro Meudon. Já no Parque Estadual dos Três Picos, a especulação imobiliária é responsável pela ocupação irregular, com registro de construção de condomínios no bairro Canoas que ferem os limites da área de preservação ambiental.

Composição étnica

No censo de 2010 a população de Teresópolis era formada, de acordo com a autodeclaração de cada teresopolitano, por 104 658 brancos (63,91%), 43 964 pardos (26,85%), 14 331 pretos (26,85%), 701 amarelos (0,43%) e 92 indígenas (0,06%).[85] Desse total, 150 701 habitantes eram naturais do estado do Rio de Janeiro, enquanto 126 160 eram nascidos em Teresópolis.[86] Considerando-se a região de nascimento, 157 443 eram nascidos no Sudeste (96,15%), 3 613 no Nordeste (2,2%), 365 no Centro-Oeste (0,22%), 465 no Sul (0,28%) e 243 no Norte (0,14%).  Além disso, 540 declararam ser do Brasil mas não especificaram o local (0,32%) e 1 075 vieram de um país estrangeiro (0,69%). Entre os 13 045 naturais de outras unidades da federação, Minas Gerais era o estado com maior presença, com 4 933 pessoas, seguido por Espírito Santo, com 918 residentes, e pela Paraíba, com 909 habitantes residentes no município.

Religião

Apesar de existir diversas as doutrinas religiosas manifestas no município, Teresópolis está no país mais católico do mundo em números absolutos. Isto se deve a ausência de um estado laico, que preconizou o catolicismo durante muito tempo, sobretudo na época do processo colonizador e imigratório. Em decorrência disso, a maioria dos teresopolitanos ainda hoje se declara como tal. Além disso, é substancial a presença de dezenas de denominações protestantes, que vem ganhando espaço durante as últimas décadas no município, uma tendência que ocorre no país como um todo.

De acordo com dados do censo de 2010, a população municipal está composta por católicos (42,3%), evangélicos (34,0%), pessoas sem religião (16,7%), espíritas (2,8%) e 4,1% estão divididas entre outras religiões.[90] Em relação a número total de membros de instituições religiosas em 2010, de acordo com seu credo: Catolicismo (total de 69 157 membros) — Apostólica Romana (68 732 membros), Apostólica Brasileira (406 membros) e Ortodoxa Católica (159 membros); Protestantismo (total de 55 675 membros) — Evangélicas de Missão (11 387 membros), Luterana (133 membros), Presbiteriana (483 membros), Metodista (2 576 membros), Batista (7 437 membros), Congregacional (63 membros), Adventista do Sétimo Dia (696 membros), Assembleia de Deus (10 344 membros), Congregação Cristã (261 membros), O Brasil Para Cristo (186 membros), Quadrangular (219 membros), Universal do Reino de Deus (1 166 membros), Casa da Bênção (64 membros), Deus É Amor (260 membros), Cristã Maranata (75 membros), Nova Vida (65 membros), Comunidade Evangélica (34 membros), Pentecostal (10 196 membros), Evangélica não determinada (21 418 membros), Outras religiosidades cristãs (2 180 membros); Mórmon (total de 352 membros); Testemunhas de Jeová (total de 1 939 membros); Espiritismo (total de 4 662 membros); Espiritualismo (total de 94 membros); Umbanda (total de 482 membros); Candomblé (total de 40 membros); Judaísmo (total de 313 membros); Hinduísmo (total de 18 membros); Budismo (total de 201 membros); Novas religiões orientais (total de 201 membros) — Igreja Messiânica Mundial (112 membros), Outras (88 membros); Islã (total de 9 membros); Tradições esotéricas (total de 124 membros); Tradições indígenas (total de 70 membros); Sem religião (total de 27 383) — Sem religião (declarado por 24 706), Ateísmo (declarado por 2 550) e Agnosticismo (declarado por 127); Religiosidade não determinada ou mal definida (total de 570).

Política e administração

O município de Teresópolis é regido por sua lei orgânica, promulgada em 5 de abril de 1990. A administração municipal se dá pelos Poderes Executivo e Legislativo. O Executivo é chefiado pelo prefeito, que por sua vez é auxiliado pelo vice-prefeito e gabinete de secretários. O primeiro representante do Executivo municipal foi o engenheiro Benjamin do Monte, nomeado pelo governador Oliveira Botelho após a criação da Prefeitura.[92][93] O prefeito que venceu as eleições municipais de 2020 foi Vinicius Claussen, reeleito pelo Partido Social Cristão (PSC) com 56,17% dos votos válidos para seu segundo mandato consecutivo, ao lado de Ari Boulanger (também do PSC) como vice-prefeito.

O Legislativo é constituído pela câmara municipal, composta por dezenove vereadores[97] eleitos para elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente o orçamento municipal. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2020 Teresópolis possuía 122 560 eleitores, o que representa 0,2% do eleitorado fluminense, e pertence a 38ª e 195ª zona eleitoral do estado do Rio de Janeiro.